sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Novas Carreiras - Parte II

Este post é a continuação das entrevistas com profissionais que já estão atuando em uma das 30 novas carreiras divulgadas pela revista Você S/A no mês de novembro de 2011. Esta reportagem retrata 30 carreiras que surgiram no mercado nos últimos tempos, detalhando o perfil profissional para se trabalhar nelas, salários e alguns relatos de quem já está na área.

Para esta segunda entrevista, a carreira escolhida é o Gestor do Esporte. Para contar um pouco da prática desta profissão foi entrevistado o gestor do esporte Ruy Lemos, formado em Educação Física, coordenador da academia 3 Figueiras e consultor da área. Confira a reportagem e a entrevista abaixo:

Gestor do Esporte

Por que é uma boa? Esqueça a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Essa profissão vai além desses eventos. O mundo dos esportes é uma indústria bilionária. Apenas o futebol brasileiro gerou 1,52 bilhão de reais em receitas totais em 2010. Trata-se de um mercado que requer gente qualificada, com visão de negócios para administrar marcas, gerenciar equipes e projetos em empresas, consultorias, clubes, agências e marketing esportivo, veículos de comunicação especializados e marcas esportivas.
Perspectivas: Em empresas menores, o salário de um analista varia de 3 000 a 5 000 reais; coordenador, de 6 000 a 9 000 reais; e gerente, de 10 000 a 18 000 reais. Em companhias maiores e multinacionais, os salários são cerca de 15% mais altos, segundo a consultoria de recrutamento Hays.
Bom para quem: Profissionais de educação física, comunicação, marketing, administração e direito.
Preparação: Conhecer marketing e gestão é essencial. Há cursos de pós-graduação com foco em ambos.

1) Qual é a sua formação?
Ruy: Educação Física Bacharelado

2) Que função exerce hoje?
Ruy: Gerenciamento de uma academia, desde a parte técnica até os recursos humanos e gestão de pessoas

3) Como você definiria a função Gestor do Esporte?
Ruy: Acredito ser uma função muito dinâmica, o gestor do esporte, no meu ponto de vista, deve ser um facilitador da chegada da atividade física a vida das pessoas de forma efetiva, transformando o esporte em um valor pessoal, visando a saúde da população como um todo. 

4) Como você vê hoje esta nova carreira na prática?
Ruy: Acredito que ainda em franca expansão, principalmente na área das academias, e com grandes perspectivas de futuro promissor, tendo em vista que até então as entidades esportivas não contavam com gestores especializados dos dois lados, ou seja, com formação em educação física e gestão. Na prática ainda enfrentamos um mercado restrito que precisa ganhar confiança por parte dos investidores e amadurecer para melhor atender o novo consumidor.

5) Qual é a sua opinião sobre as perspectivas do Gestor do Esporte?
Ruy: O futuro desta nova carreira é extremamente promissor, pois hoje em dia poucas entidades contam com o “serviço”, tendo um vasto mercado a ser explorado, vivemos um “tsunami” administrativo no setor de esporte e academias.

6) De que forma você avalia que esta função pode ser positiva na Copa do Mundo e/ou nos Jogos Olímpicos?
Ruy: Para estes grandes eventos o gestor esportivo é de fundamental papel, pois é a pessoa que já vivenciou o esporte de outra maneira, como desportista ou ainda como educador físico, esse conhecimento de causa traz uma percepção diferenciada no que diz respeito a toda logística e bom funcionamento de tais eventos.

7) Como aconteceu a sua decisão de seguir por esta área?
Ruy: No meu caso esta função foi aparecendo ao longo da minha carreira, gosto de ressaltar que já atuei na linha de frente de todos os setores de uma academia, isso me despertou para a nova carreira, a medida que ia vencendo novas tarefas me sentia desafiado a procurar uma nova atuação e foi ai que me encontrei como gestor.

8) De qual maneira se prepara para realizar uma boa execução da função?
Ruy: Muito conhecimento é uma das maneiras de me preparar, investir em educação continuada é outra forma, e no dia-dia muita energia e bom humor para gerenciar pessoas e situações adversas.

9) Que sugestões você deixa para outros profissionais da área da Educação Física que tem interesse em seguir por este ramo?
Ruy: Primeiramente que vivenciem todas as funções que pretendem gerenciar, é preciso estar na linha de frente para entender o que se deve fazer por trás, para quem esta começando deixo a dica, muita dedicação, empenho e paciência pois o sucesso de forma geral e em todas as carreiras demora um pouco mas vem para quem se dedica. 



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Novas Carreiras - Parte I

Este post teve inspiração na Revista Você S/A de novembro de 2011. Na capa foi lançada a matéria exclusiva sobre as 30 novas carreiras. Esta reportagem retrata 30 carreiras que surgiram no mercado nos últimos tempos, detalhando o perfil profissional para se trabalhar nelas, salários e alguns relatos de quem já está atuando. Selecionei 2 dessas carreiras para entrevistar algumas pessoas que estão trabalhando nestas áreas.

A primeira carreira escolhida é do Especialista em Bioinformática. Para ser entrevistada, convidei a Engenheira da Computação, doutoranda em Computação com enfoque em Bioinformática pela UFRGS, Mariana Recamonde Mendoza. Confira a reportagem e a entrevista abaixo:

Especialista em Bioinformática

Por que é uma boa? O uso de tecnologia da informação aplicado à biologia e à genética tem crescido. Existe demanda por esse profissional nas áreas de biotecnologia, farmacêutica, agricultura, medicina e bioquímica. A principal demanda é para desenvolvimento de softwares para análise de dados.
Perspectivas: A demanda ainda é baixa, mas a tendência é subir. O salário varia de 5 000 a 15 000 reais, dependendo da experiência e do conhecimento.
Bom para quem: Por combinar conhecimentos de química, física, biologia, computação e matemática, profissionais dessas áreas tendem a ter uma maior facilidade para migrar para essa área.
Preparação: É necessário que o profissional tenha conhecimentos e interesse em informática e biologia, e tenha feito cursos tanto em nível de graduação quanto em nível de extensão e pós-graduação, essenciais para sua atuação nessa área.

(Fonte: Você S/A - novembro/2011)

1) Qual é a sua formação? 
Mariana: Engenheira de Computação

2) De onde surgiu o interesse por esta área? Como a conheceu, visto que é uma nova carreira existente no mercado? 
Mariana: Desde cedo sustentei interesse por assuntos relacionados às áreas biológicas e da saúde. Quando chegou o momento de prestar vestibular, optei pelo curso de Medicina, pois estava convicta que gostaria de atuar nesta área. Mas minha facilidade pelas exatas e meu gosto por informática, bem como a consciência de que Medicina é um curso extremamente concorrido (e de difícil aprovação), acabaram me levando a tentar paralelamente vestibular para Engenharia de Computação.

Quando o resultado saiu, eu havia passado somente para Engenharia de Computação e decidi cursar. De fato, me encontrei durante a faculdade. Percebi que estava no curso certo para mim, mas ainda assim sentia falta de algo mais biológico (ou menos lógico). Foi quando durante algumas pesquisas na internet a respeito de pós-graduação e campos de atuação, encontrei referências para cursos como Bioinformática e Telemedicina. Passei a investigar mais sobre estas áreas, estudando a possibilidade de realizar cursos de especialização após o término da graduação, visto que eram áreas não abordadas pelo currículo do meu curso. Decidi que seria neste nicho que gostaria de atuar, pois assim poderia conciliar duas áreas pelas quais sustentava uma grande afinidade: exatas e biológicas. 

No último ano da faculdade tive a oportunidade de fazer meu trabalho de conclusão com um professor que havia ingressado recentemente no corpo docente do curso e cujo doutorado envolveu o estudo de um problema biológico. Foi assim que ingressei na área de Bioinformática e atualmente, no meu doutorado, continuo me envolvendo com pesquisas que me permitam atuar nesta interface entre computação e biologia. 

3) O que pretende fazer profissionalmente ao encerrar o teu doutorado?
Mariana: Gosto muito da área acadêmica e da pesquisa científica, portanto meu objetivo é ingressar como docente em uma universidade, onde possa dar continuidade às minhas pesquisas atuais e desenvolver novos projetos na área de Bioinformática.

4) Quais os conhecimentos que julga necessário para seguir esta carreira? 
Mariana: O ideal é que o profissional tenha um background em ambas as áreas.
É importante ter conhecimento sobre biologia molecular e genética para saber com que tipo de informação o profissional está lidando e melhor entender o problema em questão. Adicionalmente, é interessante alguma noção de programação, principalmente em linguagens como PERL e Python, que são amplamente utilizadas em projetos de Bioinformática.

Outras habilidades desejáveis são a capacidade de trabalhar em grupo, boa comunicação e flexibilidade.

5) Que dicas e conselhos daria a alguém que pensa em iniciar neste campo de atuação? 
Mariana: Independente do lado em que você está, biológico ou computacional, é necessário entender um pouquinho da área que não seja de sua especialidade para possibilitar, ou facilitar, o desenvolvimento do trabalho e aprimorar as chances de que este desencadeie resultados interessantes. Como analogia, imagine duas pessoas falantes de idiomas distintos: o diálogo entre ambas só será possível através de um tradutor ou se ao menos uma delas tiver conhecimento sobre o idioma da outra pessoa com quem deseja se comunicar. O mesmo ocorre na Bioinformática: a existência de uma linguagem em comum entre as partes é imprescindível para possibilitar o diálogo e a idealização da pesquisa.

Portanto, se sua especialidade for computação, dedique um tempo ao estudo do problema biológico para o qual você está trabalhando; quanto melhor entender o problema, maiores as chances de você desenvolver algo de impacto ou realmente útil para o usuário final. Busque informações na internet, em livros e artigos, e procure se familiarizar com termos e conceitos básicos da biologia e genética.

Se sua especialidade for Biologia, Medicina ou afins, procure conhecer as ferramenta disponíveis no mercado para tratar o problema em questão, bem como seus respectivos potenciais e deficiências; estas poderão ser o gatilho para o desenvolvimento de novos projetos. Adicionalmente é interessante alguma noção de programação, principalmente por ampliar seus conhecimentos a respeito da capacidade de processamento de um computador e do quanto ele poderia ser útil para as suas pesquisas.

6) Como você percebe a demanda por profissionais desta área hoje no mercado? Existe? Em que áreas?
Mariana: Há um grande demanda por profissionais nesta área, a qual, no meu ponto de vista, é mais significativa em relação a engenheiros/cientistas da computação com interesse em projetos envolvendo problemas biológicos. O desenvolvimento atual de técnicas de sequenciamento de genoma é algo sem precedentes e a consequência desta evolução é uma vasta gama de dados, com valiosa informação implícita, cuja análise manual é inviável em função de seu grande volume. Neste aspecto, a participação de profissionais com conhecimento de programação é de suma importância para viabilizar/rentabilizar a exploração dos dados e permitir o desenlace da pesquisa.